Dia 14
O lobo e o cordeiro comerão juntos, e o leão comerá
feno, como o boi, mas o pó será a comida da serpente. Ninguém fará nem mal nem
destruição em todo o Meu santo monte, diz o Senhor. Isaías 65:25
Em uma visita à minha cidade natal de Adelaide, na Austrália, tive um vislumbre
da sociedade ideal de Deus, o reino dos mansos. Adelaide se localiza numa
planície em meio a uma cadeia de montanhas de baixa altitude ao leste do
litoral. Quando menino, eu costumava passear por aquelas montanhas com meus
irmãos. Avistávamos lebres, raposas e, de vez em quando, um canguru.
Não fazia
a menor ideia de como era a vida que no passado existiu naquela área.
Certo
professor de matemática empenhou-se em restaurar parte das montanhas ao que era
originalmente, cerca de 200 anos antes. (Os primeiros colonizadores chegaram em
1836.) Ele comprou uma fazenda e começou a reflorestá-la com árvores e plantas
nativas. Ao redor de toda a área ele construiu uma cerca fortificada para
manter afastados os predadores: raposas, gatos selvagens e cães. Em seguida,
introduziu espécies que um dia haviam habitado aquele ambiente, mas que quase
foram extintas. Ele não fornecia comida aos animais, apenas um lugar seguro
para que morassem e se reproduzissem.
O passeio com um guia pelo santuário começa logo ao entardecer, pois a maioria
dos animais que ali habita tem hábitos noturnos. À medida que a noite chega, as
luzes das lanternas sinalizam o caminho. Logo o lugar se enche de uma grande
variedade de criaturas, grandes e pequenas, como jamais imaginei. Flagrados
pela luz das lanternas, assustados com o movimento repentino, encontramos um
bando de criaturas saltitantes, alguns tão pequenos quanto ratos, outros um
pouco maiores. Trata-se de uma espécie de canguru de tamanho pequeno, os
wallabies. Eles parecem surreais, algo que saiu de um dos filmes de Steven
Spielberg; criaturas de brinquedo em que damos corda e saem pulando por aí.
Nesse
lugar conheci uma imensidão de novos nomes de animais semelhantes a cangurus,
criaturas indefesas, presas fáceis de raposas, cães e gatos introduzidos no
continente pelos colonizadores.
O reino
deste mundo é violento. A violência nos rodeia; filmes e programas de televisão
alimentam o apetite cada vez mais insatisfeito. Devido à natureza da sociedade,
muitos argumentam que a violência organizada, como a guerra, e a violência
legalizada, como a execução, são inevitáveis e necessárias.
Talvez
sim. Mas o reino do Céu, onde o manso Jesus reina (mesmo hoje), é totalmente
diferente. A graça e a violência não têm nada em comum.