14 de novembro de 2012

#19 - O Caso da Galinha Distraída




Dia 19

"Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!" Lucas 13:34


A humilde galinha, seja batendo as asas em voo ou ciscando o chão, carece de graça. Nenhum soneto de amor jamais a invocará; nenhum artista jamais a fará objeto de um afresco. Ela parece existir estritamente para propósitos utilitários – botar ovos e servir de alimento para os carnívoros. Pobre galinha! Nunca será elogiada como o pássaro azul, o sabiá ou a cotovia; nunca atingirá as alturas como a águia. Tudo o que recebe são gozações, como na fútil brincadeira: “Por que a galinha atravessou a estrada?”

Essa brincadeira, porém, foi levada a sério. Certa galinha foi multada (não estou inventando isso) por atravessar a estrada distraidamente! A multa foi emitida pelo delegado de Kern County, Califórnia. Na verdade, a galinha não recebeu a multa, presumidamente porque se recusou a recebê-la, mas os donos da galinha, sim.

A ré foi multada por impedir o tráfego em Johannesburg, uma pequena comunidade rural próxima a Ridgecrest, cerca de 350 quilômetros a nordeste de Los Angeles.

Agora, sim, sabemos por que a galinha atravessou a estrada: ela não sabia que atrapalhar o tráfego era ilegal. Mas isso não é tudo. A comunidade em que a galinha infringiu a lei tem uma população de apenas 50 residentes! Com uma multidão dessas, uma galinha distraída obviamente causaria um congestionamento.

Os donos da galinha alegam que foram multados porque reclamaram que os policiais não estavam executando satisfatoriamente o dever de supervisionar e controlar os veículos na estrada de terra. “Não”, foi a resposta dos guardiões da lei. “As galinhas na estrada é que são a causa do problema.”

Jesus certa vez relacionou Seu ministério à atitude de uma galinha com seus pintinhos. Dirigindo-Se ao povo de Jerusalém, Ele chorou diante do fato de que foram rejeitados Seus desejos e esforços em reunir o povo sob Seus cuidados. Ele ainda chora. Ele chora pelo mundo. Ele chora por nós.

Somos realmente tolos como os pintinhos que se afastam da mamãe galinha, recusando-se a atender seu cacarejo avisando do perigo; seu chamado para voltar à segurança de suas asas protetoras. Tolos como as galinhas distraídas. Mas a graça é para pessoas tolas como você e eu.

13 de novembro de 2012

#18 - Prisioneiros e pizza

Dia 18
O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Ele Me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos. Lucas 4:18


Algum tempo atrás, a rebelião em um dos presídios australianos terminou de maneira inusitada. Um grupo de prisioneiros assumiu o controle da área da recepção da prisão de segurança máxima em Hobart, capital da Tasmânia. Exigindo melhor tratamento e melhorias nas celas, os prisioneiros fizeram uma lista de 24 itens. Eles imobilizaram um dos guardas e o fizeram de refém até que as exigências fossem atendidas. Após dois dias, a rebelião terminou pacificamente, sem a agitação do pelotão de choque munido de escudos e armas fogo, sem gás lacrimogêneo, sem tiroteio. A pessoa responsável pela negociação garantiu a liberação do guarda sem sofrer nenhum dano após a entrega de 15 pizzas. Aparentemente, nenhuma das 24 exigências listadas provaram ser tão urgentes quanto a necessidade de uma refeição diferente!

Pessoas angustiadas, pessoas que pensam que não têm nada a perder, agem com desespero. Mas a calma paciente de um mediador (e a expectativa de deliciosas pizzas após dois dias sem comer) pode acabar com o desespero de qualquer ser humano.
Em vários lugares da Bíblia encontramos os seguidores de Deus em prisões – não por causa de algum ato ilegal, mas por obedecerem à sua consciência. O jovem José, falsamente acusado pela mulher de Potifar, foi encarcerado. Muitos séculos mais tarde, o profeta Jeremias foi preso porque predisse a derrota de Jerusalém para os babilônios. No Novo Testamento, João Batista foi colocado atrás das barras de ferro e finalmente executado após denunciar o casamento ilícito do rei Herodes Antipas com a cunhada. O apóstolo Paulo foi preso várias vezes. No livro de Hebreus lemos a respeito de cristãos, cujos nomes não foram registrados, que foram presos por causa de sua fé (Hb 10:34; 13:3). E o relato bíblico é concluído com o Apocalipse, revelado pelo Senhor a João, durante seu exílio na ilha de Patmos (Ap 1:9).
Entre todos esses personagens bíblicos, nenhum jamais causou tumulto, fez reféns ou exigiu melhor tratamento. Eles confiaram em Deus; suportaram as dificuldades através dos olhos da fé nAquele que é invisível. Na verdade, todos nós somos prisioneiros, cristãos e não cristãos. O carcereiro é severo e cruel; Satanás é seu nome. Mas Jesus proclama liberdade para os prisioneiros: libertação das algemas do pecado, um novo começo. E um dia, o próprio cruel carcereiro será preso (Ap 20:1-3).

12 de novembro de 2012

#17 - Os puros de coração

Dia 17

Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus. Mateus 5:8

De todas as bem-aventuranças, essa é a minha favorita. Ela conduz à bênção maior: ver a Deus. “Eles verão a Sua face, e o Seu nome estará em suas testas”, promete o livro de Apocalipse em seu último capítulo (Ap 22:4). Assim, a antiga oração de Moisés – “Peço-te que me mostres a Tua glória” (Êx 33:18) – se cumprirá não apenas para uma pessoa, mas para todo o povo de Deus.
Na sexta bem-aventurança, Jesus relaciona essa bênção suprema ao supremo traço de caráter: “Bem-aventurados os puros de coração.” Essas palavras são um convite e um desafio. Elas nos assustam porque repreendem a maneira como as pessoas à nossa volta vivem e a maneira como nós tendemos a viver. Elas são um chamado para vivermos de forma mais sublime, mais centrada em Deus, lembrando-nos de que “a santidade, ou seja, a semelhança com Deus, é o alvo a ser atingido” (Ellen G. White, Educação, p. 18).
Jesus está preocupado com a fonte de nossa vida: nosso coração. O mundo olha para as aparências; Ele olha para o nosso coração. O mundo está repleto de impureza de atos, palavras e imaginação, por isso Ele nos convida para a pureza na fonte.
A pureza de coração vai além da pureza moral, apesar de incluí-la. A pureza de coração denota uma vida que coloca Deus em primeiro lugar; uma vida centrada nEle, devotada à Sua vontade e à Sua glória; um coração pelo qual Charles Wesley orou:

 Oh! Por um coração para louvar meu Deus,

Um coração de pecados liberto,
Um coração que bebe sempre de Seu sangue,
Tão abundantemente derramado por mim.
Um submisso, humilde e contrito coração,
Acreditando, de forma verdadeira e clara,
Que nem a vida nem a morte podem me separar,
DAquele que habita dentro de mim.
Um coração renovado em cada pensamento,
E repleto do amor divino,
Perfeito, reto, puro e bom,
Uma cópia, Senhor, do Teu coração.

Deus da graça, concede-me esse coração hoje!

#16 - De nada terei falta

Dia 16
De nada terei falta. Salmo 23:1

Todo mundo tem um salmo predileto, mas há um universalmente aclamado por causa de seus dizeres: Salmo 23, o salmo do bom pastor. Entre as muitas reflexões sobre esse salmo, um escritor da geração passada, G. Henderson, escreveu: “Do que não terei falta? O dedo da fé desliza pelo teclado e tira 11 notas distintas. Ouça-as.”
Atualizando a linguagem de Henderson e aperfeiçoando os pontos apresentados por ele, temos o seguinte:

Não terei falta de descanso, pois Deus me faz deitar em verdes pastagens. 
A pastagem é macia e refrescante. Apoio a cabeça e relaxo no chão.
Não terei falta de restauração, pois Ele me conduz às águas tranquilas. Um grande gole de água pura e fresca – o que poderia ser melhor para saciar minha sede e restaurar-me?
Não terei falta de orientação, pois Ele me guia. Em meus relacionamentos, em minha família, em meu futuro preciso de ajuda que não encontro em mim mesmo. Louvado seja Deus, Ele é quem me guia!
Não terei falta de amizade, pois Deus está comigo. Ele promete: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13:5, ARA). Mais precioso do que qualquer companhia humana é o meu Senhor; mais forte do que qualquer laço carnal é o Seu amor.
Não terei falta de proteção, pois a vara e o cajado de Deus me sustêm. Ele estende Sua mão para me amparar. Em todo lugar, a todo momento, Ele está pronto a me ajudar.
Não terei falta de sustento, pois Ele prepara um banquete para mim. Ele me convida para a Sua sala de jantar, e Seu estandarte sobre mim é o amor.
Não terei falta de alegria, pois Ele unge minha cabeça com óleo. Como o óleo sagrado que escorreu pela barba de Arão, as bênçãos de Deus são derramadas sobre mim. Nunca falham.
De nada terei falta, pois o meu cálice transborda. Jesus é tudo o que eu preciso, hoje e sempre.
Não terei falta de felicidade, pois a bondade e a misericórdia me seguirão. 
O que mais posso desejar?
Não terei falta de glória daqui por diante, pois habitarei na casa do Senhor para sempre. Apenas estar ali, apenas ver Jesus – será a glória.

#15 - A cor do dinheiro

Dia 15
Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. 1 Timóteo 6:10

O que você faria se encontrasse uma fortuna e ninguém estivesse olhando? Vamos dizer, 400 milhões de reais. Você guardaria ou procuraria o dono?

Dois sargentos do Exército dos Estados Unidos enfrentaram essa situação em 18 de abril de 2003, durante a invasão ao Iraque. Em meio ao caos após a queda de Bagdá, eles encontraram dois abrigos lotados de caixas de metal. Dentro de cada caixa havia quatro milhões de dólares em dinheiro, num total de 230 milhões. Os soldados devolveram o dinheiro. “Esses homens são verdadeiros heróis”, afirmou o comandante. Outros soldados, porém, foram à loucura. Começaram a inspecionar os arbustos, vasculhar prédios antigos e esvaziar cada depósito de lixo que viam pela frente, e acabaram encontrando um edifício semelhante àquele de que ouviram falar. As caixas estavam amarradas umas às outras. Dentro delas havia 200 milhões de dólares em notas de 100.

O poder do dinheiro entrou em jogo. “Naquele momento o mal imperou. O ar ficou pesado... Os olhares mudaram. Podia-se notar que todos estavam fora de si”, recordou um sargento, que mais tarde foi expulso do exército por causa de sua participação no roubo.

Os soldados começaram a encher os bolsos com maços de dinheiro. Dois homens jogaram duas caixas de dinheiro num canal próximo do local com a intenção de recuperar os oito milhões de dólares mais tarde. Outros esconderam 600 mil dólares em dinheiro dentro do tronco de uma palmeira.
Foi então que apareceu um oficial, que tinha acabado de guardar em segurança o dinheiro encontrado anteriormente. Ele soube imediatamente que algo estava errado. Bem à sua frente, a seis metros de distância, estava um maço de dinheiro enfiado entre dois galhos de uma árvore, totalmente à vista. Ele pegou o dinheiro da árvore e começou uma investigação. Três caixas que haviam sido escondidas foram recuperadas, uma delas incompleta. Ao todo, 780 milhões foram encontrados em quatro diferentes buscas. O dinheiro foi levado do Iraque, mas não antes de um motorista militar tentar roubar 300 mil a caminho do aeroporto.
Uma antiga canção costumava dizer: “O dinheiro é a raiz de todos os males.” Mas o problema não está no dinheiro em si, mas no amor ao dinheiro. A cor do dinheiro revela nossas verdadeiras cores.
Nós que seguimos o Senhor Jesus, Aquele que veio para dar, não receber, sabemos que as únicas riquezas que conservaremos são aquelas que damos aos outros.

9 de novembro de 2012

#14 - O Rei dos mansos

Dia 14
O lobo e o cordeiro comerão juntos, e o leão comerá feno, como o boi, mas o pó será a comida da serpente. Ninguém fará nem mal nem destruição em todo o Meu santo monte, diz o Senhor. Isaías 65:25

Em uma visita à minha cidade natal de Adelaide, na Austrália, tive um vislumbre da sociedade ideal de Deus, o reino dos mansos. Adelaide se localiza numa planície em meio a uma cadeia de montanhas de baixa altitude ao leste do litoral. Quando menino, eu costumava passear por aquelas montanhas com meus irmãos. Avistávamos lebres, raposas e, de vez em quando, um canguru. 
Não fazia a menor ideia de como era a vida que no passado existiu naquela área.

Certo professor de matemática empenhou-se em restaurar parte das montanhas ao que era originalmente, cerca de 200 anos antes. (Os primeiros colonizadores chegaram em 1836.) Ele comprou uma fazenda e começou a reflorestá-la com árvores e plantas nativas. Ao redor de toda a área ele construiu uma cerca fortificada para manter afastados os predadores: raposas, gatos selvagens e cães. Em seguida, introduziu espécies que um dia haviam habitado aquele ambiente, mas que quase foram extintas. Ele não fornecia comida aos animais, apenas um lugar seguro para que morassem e se reproduzissem.

O passeio com um guia pelo santuário começa logo ao entardecer, pois a maioria dos animais que ali habita tem hábitos noturnos. À medida que a noite chega, as luzes das lanternas sinalizam o caminho. Logo o lugar se enche de uma grande variedade de criaturas, grandes e pequenas, como jamais imaginei. Flagrados pela luz das lanternas, assustados com o movimento repentino, encontramos um bando de criaturas saltitantes, alguns tão pequenos quanto ratos, outros um pouco maiores. Trata-se de uma espécie de canguru de tamanho pequeno, os wallabies. Eles parecem surreais, algo que saiu de um dos filmes de Steven Spielberg; criaturas de brinquedo em que damos corda e saem pulando por aí.

Nesse lugar conheci uma imensidão de novos nomes de animais semelhantes a cangurus, criaturas indefesas, presas fáceis de raposas, cães e gatos introduzidos no continente pelos colonizadores.
O reino deste mundo é violento. A violência nos rodeia; filmes e programas de televisão alimentam o apetite cada vez mais insatisfeito. Devido à natureza da sociedade, muitos argumentam que a violência organizada, como a guerra, e a violência legalizada, como a execução, são inevitáveis e necessárias.
Talvez sim. Mas o reino do Céu, onde o manso Jesus reina (mesmo hoje), é totalmente diferente. A graça e a violência não têm nada em comum.


8 de novembro de 2012

#13 - Você está livre

Dia 13

“Você Está Livre!”

Este é o ano de Deus agir. Lucas 4:19, The Message

Segundo o plano divinamente inspirado, mas distinto, cada um dos escritores dos Evangelhos se concentra num incidente diferente no início do ministério de Jesus. Tal incidente estabelece o tom da ênfase que o evangelista desenvolverá em seu relato.

Assim, Mateus começa o relato do ministério de Cristo com o Sermão do Monte, lembrando-nos de Moisés no Monte Sinai. Nesse Evangelho, desenvolvido a partir de cinco discursos de Jesus que também ecoam os cinco livros do Pentateuco, Cristo emerge como o grande mestre, o rei que supera Moisés ao afirmar: “Vocês ouviram o que foi dito [...]. Mas Eu lhes digo [...]” (Mt 5:21-44).
Marcos, por outro lado, inicia seu relato do ministério de Cristo com a cura do homem possesso de espírito imundo na sinagoga durante a reunião de sábado (Mc 1:21-28). As ações de Jesus são poderosas e comoventes, deixando os espectadores maravilhados. Tal descrição de Jesus reaparece ao longo do Evangelho de Marcos. Jesus aqui é acima de tudo o Homem de ação decisiva que evoca surpresa e admiração em todos os aspectos.
O início do Evangelho de João apresenta ainda uma ênfase diferente. Encontramos Jesus conversando não com uma multidão, como em Mateus, mas pessoalmente, um a um, com Seus primeiros discípulos, e especialmente com Natanael (Jo 1:35-51). Esse padrão persiste ao longo de toda a apresentação de João ao construir seu Evangelho com base nos encontros de Jesus com uma série de indivíduos totalmente diferentes entre si: Sua mãe, o fariseu Nicodemos, a mulher junto ao poço, os nobres, o homem junto ao tanque de Betesda e assim por diante.
E quanto a Lucas? Assim como Marcos, Lucas seleciona um incidente que ocorreu na sinagoga na manhã de sábado, mas em Nazaré em vez de Cafarnaum. Em vez de um milagre, Jesus lê as Escrituras e faz comentários que enfurecem o povo em vez de maravilhá-lo (Lc 4:16-30).
A passagem escolhida por Jesus é Isaías 61:1, 2, em que o profeta predisse Aquele que, ungido pelo Espírito de Deus, proclamaria as boas-novas aos pobres, liberdade aos prisioneiros e restauraria a vista aos cegos. Ele, o Messias, anunciaria: “Este é o ano de Deus agir.”
O povo de Nazaré não valorizou Jesus. Eles O conheciam, não achavam que Ele fosse o Messias! Mas Ele era. E Sua mensagem ainda ecoa pelo mundo: “Este é o ano de Deus agir. Você está livre!” Hoje, diga a alguém: “Você está livre!”